quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Sem dizer nada

Faltam-me palavras neste momento único
Fogem de mim as metáforas e os arranjos
Da fonética e das imagens lúdicas
Da finesse e da disputa dos anjos
Homônimos disfarçados e por engano
Criados serviçais para o deleite mundano
Mas o que dizer se nada do que escrevo
Bóia no mar ou despenca de um barranco
Apenas agita a superfície do meu olhar urbano
Que procura estrelas pela fumaça dos canos
Ou apenas fixa a pupila em algo estranho
Na busca de enxergar meu próprio humano
No caos das nuvens carregadas de estanho
Nos flashes de energia a fotografar o oceano
Um vulto aparece como num encanto
Para sumir logo depois feito desengano
Na chuva que deságua feito um grande pranto
Lavando minhas palavras e afogando meu canto
No momento único deste grande plano

Baco Dionísio, sóbrio demais para esquecer (o que era mesmo que eu ia dizer?).
16/01/08

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