terça-feira, 17 de junho de 2008

Nudez

Levanta este véu
De estrelas ainda ocultas
No xale do horizonte
Tricotado de cores metálicas
Com a purpurina púrpura
E a fuligem do resto do dia...
Vai abraçando meu calor
Deixe as pupilas dilatadas
Que o coração enxerga
Tua brancura sensual
Redonda de detalhes
Entalhes da imaginação
Outro streep no céu
Velhas novas magias
Sombras do teu reflexo
Neste disco convexo
Parabólica de desejos
Palavras em sentido explícito
Nas entre-linhas da paixão
Risca e corta o breu
Em sua luz cheia
Holofote do reverso
Da medalha do jogo
Lente da lupa a mirar
O centro do meu fogo
Não há outro jeito
Vou te cantar
Vou te uivar

Baco Dionísio, desejando a todos uma noite quente de Lua Cheia...
17/06/08

Quinhão

Um punhado de pinhão
Pé-de-moleque e paçoca
Pamonha, curau
Arroz-doce
Queijo com abóbora
Canjica com amendoim
Vinho quente com maçã
Cuzcuz de sardinha
Empadinha de palmito
Pastel de queijo fresco
Espetinho de linguiça
Quentão de gengibre e canela
Para aquecer as noites de junho
Dançar quadrilha
Roupas de flanela xadrezada
Chapéu de palha desfiada
A sanfona dita o ritmo
Mas não tiro os "zóio" da namorada...
Baco Dionísio, olha o rio, olha a cobra...
17/06/08

Vento Sul

O gélido bafo polar
Enegreceu as cores da hortênsia
Deixou-as prontas para o enfeite
De bolas secas de geada
Mas os espinhos da primavera
Revoltados e fortes
Abriram caminho no gelo
Neste orvalho congelado
E salpicou de Monet
Minha janela, este quadro
Abrindo os jasmins amarelos
Pequenos e perfumados.

Baco Dionísio, sob encomenda, delivery...
17/06/08

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Brinde

Entre nós duas taças
Refletindo nosso lume,
Repercutindo sibilante
O que sentimos sem falar;
Entre nós as duas taças
Ampliam nossa visão.
E as mãos que se acariciam
Juntas são um mesmo pêndulo
A correr com o tempo
Atiçando nossa paixão;
Entre nós as duas taças
Vão se completando,
Trocando a transparência
Pelo tinto da existência,
Pelo bouquet de um beijo
Cabernet franc semillion;
Entre as taças
Nossas bocas
Marcam o cristal
Degustam o vinho
E o licor do nosso tesão;
As taças se tocam
Nossos lábios se roçam
Nossos cheiros se trocam
Misturam-se líquidos
Entre tantos desencontros
Brinde a este encontro
De boa safra, de boa cepa.

Baco Dionísio, uma vida inteira para namorar que isto é bom demais...
12/06/08