quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Streep Moon

Velada e nebulosa
Na reta eclíptica
Das histórias de ninar
Aos poucos de veludo rosa
Salpica-se de fantasias
Despe-se da claridade baça
Cobre-se de metal sujo
Quase cheia de si
Na noite de meia-noite
Nuvens passando a sorrir
Seda a deslizar em pele lisa
Como ampulheta a desfazer-se em grãos
Cada tempo é uma curva
A tingir de cobre
O Sol nobre da boemia
Atendendo a pedidos
Aos olhares telescópicos
Embriagados de milímetros
De lentes de grau etílico
Será que a Lua se despe
Ao ficar fora da rota
Ou será que ela se encontra
E nestes instantes é que se veste

Baco Dionísio, ainda sob os efeitos eclipsíticos...e contando o tempo de março chegar...
21/02/08

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Triângulo

Na ponta da língua
Não há palavras fáceis
Apenas indica
Tua geometria
Isóceles no teu teorema
De ângulos complementares
E o "pi" da questão
No prazer a deslizar
Sem contas nem fórmulas
Na raiz quadrada
Do infinito profanoSem engano
Na vontade de amar

Baco Dionísio, matematicamente entre linhas...
15/02/08

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Banquete

Viajar pelos sabores do amor
Não é pilotar uma chama
Mas deixá-la queimar a deriva
Chamuscar pele e pelos
Tingir de orgasmos todos os veios
Das correntes que seguram os desejos
Não é um prato só
Nem brunch, dinner ou jantar
Gelado, quente ou cozido
Lentamente no banho-maria da indecisão
Ou num fast-food de uma paixão
É um banquete eterno...
Com entradas frias e terrines
Primo pratos divinos
Brodos quentes coloridos
Insalatas e croissants
Pimentas e manjericão
Alcaçuz e açafrão
Para bronzear a degustação
Gritos assados
Gemidos refogados
Prazeres gratinados
Olhares de vapor
Beijos de calda
E o gosto doce acre do amor

Baco Dionísio, na mesa com Madonna...
13/02/08

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Serra

Horizontes sem linhas retas
Ondas de verde espetando nuvens
Que sempre choram sua floresta
Lágrimas de rasos pelas veias abertas
Nuas de musgo, encobertas,
Cobrem de vida, encharcam,
Folhas úmidas se abanam
Abalam-se na espera
Água na pedra é seresta
Fumaça de vapor
Véu de mistério
Descerra os morros
Descortina em rendas
Os seios da terra
Caminhos sinuosos
Talhados à mão
Com talento de artesão
Com a fome de um tesão
Esfregam a serra
Gotas de luz
Orvalho e grotão
Escorrega
Brota na cor
De chamar a atenção
Para o olhar que a inveja.

Baco Dionísio, voltando da folia de folhas e magia, boa realidade para todos...
06/02/08

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Na passarela dos sonhos

A raça deixa suas gaiolas-residências, equilibradas nas ladeiras da história, e pisa o plano da planície, sob o manto das fantasias que encobrem o que sempre coberto está e deixam ao mundo seus pudores da liberdade de se expressar.
Corpos torneados de escaladas, muitos com latas d´água na cabeça, outros rápidos de fugir de perseguidores (sejam eles oficiais ou não), mas o ritual se sambar se aprende na ginga de desviar das balas perdidas que sempre têm endereço certo.
Espaços alugados para celebridades, pagam os paetês, as plumas de mato e os carros de boi disfarçados de alegorias, tangidos pela fama de aparecer via satélite em HD, tal a procura por câmeras do reallity show que já foi grito de guerra.
Saudades das marchinhas, da chuva de confete e serpentina e quando o lança-perfume era o maior delito que se podia rimar. Mas celebrem porque a quaresma sempre vem depois, com seus jejuns e a pílula do dia depois...

Baco Dionísio, fantasiado de abajur de taça, deseja um carnaval cheio de graça...
01/02/08