sexta-feira, 18 de abril de 2008

Na cobertura isolante
Entre o frio e o calmante
Aconchego do próprio calor,
Novelo sem enredo,
Brincadeira de bichano
Tosquiando no enlevo
Sem enrosco, sem engano,
Folheando o tempo
Dedilhando encantos
Nas agulhas de um pano,
Nas agruras de um pranto;
Tecelão sem rendas
Tricotando seus danos,
Sem crochê de enfeite
Sem brioche de leite
No macramé de engodos
A nudez das ovelhas
A esquentar meus sonhos.

Baco Dionísio, ótimo feriado para todos, com frio, queijo e vinho...
18/04/08

Valsa

Minha mão lhe desenha
Desdenha das regras
Deseja enlaçá-la
Sem dizer uma palavra
Nos sinais sem sons
A direita nas suas costas
A esquerda na sua direita
O corpo junto
Contrastes de contornos
Sem delinear
Sem passo linear
Cem passos a voar
Flutuando sob o som
De nossa própria imaginação
No rodopio pelo salão
Do piso de grama
Do perfume araucário
Spot de Lua
Pio de coruja
Violino a vibrar
Lenha a crepitar
Dois pra lá, dois...

Baco Dionísio, convidando a valsar...
15/04/08

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Chumaço

O horizonte não tem cor
Por esconder todas as matizes
Nesta colcha acinzentada
Do outono que o recobre
Na manta das temperaturas abafadas
Gritos sussurrados de enfastio
Barométrica pressão desacordada
Crayon gris raspado
Na tríplice lâmina
Respingos de calor e vela sem chama
Passeio de pincel sem diluir
Espátula cremosa
A cimentar um céu vazio
Texturas e relevos de algodão
Sujo da limpeza do rosto do verão
Encardido da fumaça absorvida
Úmida da chuva reprimida
Clara e escura como a desilusão

Baco Dionísio, procurando a aquarela para tirar o cinza da vista!
10/04/08

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Tâmaras

São tão mulheres
Na cor bronzeada
Na fina casca
Delicada ao toque
Ao olhar uma carapaça...
Na boca, sem queixume,
É doce ao encontrar os dentes
Azeda enquanto brinca na língua
Ácida para um sabor básico
É fruta carnuda
Quando destila na boca
Seus venenos fêmeos
Sonhos efêmeros

Baco Dionísio, trocando uvas por tâmaras, damascos, figos ...